Tenho andado seriamente preocupada com os cada vez mais frequentes e profundos períodos de procrastinação em que me auto-envolvo. Não que eles sejam de todo novidade da minha rotina, sempre os tive. Eram como um pequeno guilty pleasure, que nunca perdi muito tempo a tentar encobrir pois a minha faceta de menina bonita e bem-comportada sempre se encarregou de tornar essa possibilidade ainda menos plausível e real do que na realidade era.
Os últimos tempos têm, no entanto, tornado aquilo que era um pequeno pecado capital de fim-de-semana num pão-nosso de cada dia, mais pontual e rigoroso que o terço das seis. Sinto que o curso natural das coisas foi altamente traído pela minha preguiça crescente e em vez de me estar a tornar progressivamente numa universitária trabalhadora com pinta de gente grande, estou a regredir a olhos vistos para o nível de produtividade de uma criança de cinco anos.
A situação deixa-me ainda mais preocupada quando confrontada com convites para idas à praia e resmas de trabalho para fazer, passo tardes a brincar no motor de busca da Edreams, simulando os preços dos voos do Rio para Buenos Aires, quando deveria era estar no encalce do bilhete de regresso para a minha responsabilidade, que urge, diria eu, necessita de voltar a terras lisboetas rapidamente.